sábado, 31 de maio de 2008

31/05

De céu bem aberto você me recebe. Em alguns domingos de tardes vazias e todos os dias com seus concretos bem armados. Trazendo aconchego a minha alma já desgastada pelas aventuras do passado. Suas prostitutas, seus carros velozes, seus hidrantes amarelos. Tudo vai me tocando profundamente, e aos poucos, vou rasgando suas calçadas com as marteladas do meu tênis. A fumaça do meu cigarro já não polui o seu ar e a batida do meu coração parece às vezes se confundir com a movimentação de suas ruas. Seus dias se abrem em mil sóis e mil mistérios a se desvendar. E quando a noite chegar, sei que a lua estará posta, os mendigos estarão cantando, e os resquícios da madrugada irão me acordar no auge dos meus sonhos.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Epifânico

Por mais que minha caminhada diária tenha de ser para frente, vivo preso aos velhos caminhos. E gosto.

O sabor agridoce de um eu-imperfeito, entranhado em meio às minhas dores e risos, me esquece de festejar a aurora de cada novo dia. E entre uma dessas e outra, um pôr-do-sol laranja e outro, caio, frio e quente, consciente de que estou vivo.

É o momento em que, como tantos que esqueço, posso abrir os braços sem desejar enxergar à minha frente o entediante caminho retilínio da perfeição.



Que não me vença a memória do hoje, o amanhã.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Tristeza

Não te repudio mais.
Te vejo consumindo cada segundo do meu dia e te dedico a música mais bonita que sai dos meus acordes.
Mas não te repudio mais.
Aprendi que tristeza faz parte da vida.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Sinceramente,

não sei se hão de durar muito os meus dias.

A cena que passa pelos meus olhos não é mais como tantas e os meus dedos tremem. Meu peito, que se rasga em tantos de nós dois, ri-se de minha loucura, e sigo embriagado em corredores de passos mortos. Tortos.

Os risos altos dançam a velha canção de olhares lentos se misturando ao seu cheiro, que sinto às vezes, perdido em mim, e à sua voz guiando meus dedos.

Toco.

Sinto sono pela manhã, e sentirei ao entardecer em suas pernas minhas.