segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

O Notório

Despertou seco como seus velhos potes
Tomou cedo o seu café amargo, cheio de amarguras.
Com a mão na xícara se achegou à janela,
Tocou a madeira secular, como sua alma
Lembrou do choro das filhas, hoje longe

O sol nasceu.

Vislumbrou apático a beleza da aurora, como um cego, ou um louco.
Ouviu no rádio a mesma canção, que soava fúnebre

O tempo passou,
Passou ele munindo a enxada

Capinou o roçado,
a cova,
o roçado.

Deitou no chão,
Vestiu a terra, como quem veste a mortalha
E chorou,
Chorou como nunca.
Queria que o seu último verso soasse triste, eternamente.

Virou brisa.



Luiz Felipe Leal