quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

10 dias

Esses últimos dias meus, de grandes novas, voaram como a poeira: pesada e infinda. Já havia sentido a ausência dos que amo quando a busca destes por mim teve fim. Talvez por tédio, talvez por mim. Mas jamais havia sentido tanto a falta de mim mesmo.
Voltar àquela redoma que há pouco havia deixado não foi fácil, sabia eu que muitos não estariam mais lá, teriam voado ao mundo. Muito me incomodou os rostos felizes, o barulho, a iminência de um futuro coletivo do qual eu não fazia parte.

Desses últimos dias meus, de sol forte, recebi o castigo por prever o futuro, arquitetar o tempo. Os poucos passos que dei foram para trás. Conheci a monotonia da minha própria ausência, a qual sempre desejei. Ouvi o barulho dos credores, o riso dos fortes, vi os olhos dos loucos.

Nesses últimos dias meus, tão meus que esqueço, percebi que a solidão nem sempre é algo tão bom.
E então voltei à porta, ao fim do décimo dia. Assisti ao pôr-do-sol ao receber-me de volta, melancólico e cansado, sem saber ao certo o que viria a ser do futuro nosso. Não sei ainda, mas talvez seja melhor assim.