quinta-feira, 26 de junho de 2008

Estiagem

Querido amigo,

já não o vejo há 15 dias e mil pôres-do-sol.
Temo ter de engavetar nossos velhos traumas e encadear na trama falsa de infelicidades mais um esquecimento rotineiro. Quis mandar um telegrama, mas perder as conjunções seria o mesmo que perder o mais que nos une e como carta dramatizo saudades, às vezes irreais, egoístas e impróprias, que talvez não lhe contasse nunca.

Na verdade, não quero vê-lo.
Na verdade, da saudade e da pena que sinto de mim por tê-la, faço-me forte e bravio sigo. Sigo péssimo. Pessimistazinho, engolidor de cigarros, entusiasta da solidão. Tolo.

Na verdade, quero muito vê-lo.

Tenho saudades do passado.
Tenho saudades de tudo.