terça-feira, 21 de outubro de 2008

No escuro

Tomada por partes de si que iludem a mente, detida em mistérios, contida nas dores. Morena de cor. De coração frágil, beleza sucinta de muitos amigos de bar, a solidez da fumaça dos cigarros de sempre acompanha seus passos em vias estreitas, dedos, pontas e alicates.

Perdida no dilúvio, em verso, chorosa dos poucos anos de vida, amores de sofá e promessas pouco reais, deixa derreter seus entraves em meio à risada calhorda e alheia. Se guarda da vaia do público, encerra sonhos para que os outros sonhem, planta para que comam. Não uma santa.

No tempo que é noite, conhece a figura de esquinas de bares, a menina que chorava para conseguir dormir, tecia seus sonhos sobre o travesseiro úmido, entalhado por um prisma de cores frias e quentes.

Ainda ontem, quando rasgaram seu peito, sorriu com graça. Sentou-se na sombra e zombou do destino ao lado de um velho amigo. Empatando palavras, dispondo releituras daquilo que são, metalinguistica da existência de nós, foi nesses desapegos que contou-lhe sua história.

O travesseiro de cores, a valsa de sonhos e um delicado sorriso, que ainda hoje hão de rolar dos seus olhos para que consiga dormir.