O vinho e as flores, de volta.
Nos embriagávamos no hálito do cotidiano alheio, ignorando a balbúrdia que antecedia o adeus. Suas palavras eram como minhas, e eu querendo dizer tanto, sequer assimilava o fluxo de sentimentos e máscaras que usava em frações de segundo.
A mesa redonda, reduto de nossos segredos de moleque. O agora se coloria nos sorrisos de poucos, mas raros.
Somos os mesmos, mas outros.
A distância nos fez fugidios de nossos medos, mas não se preocupe com a metáfora dos olhos nos olhos. Os reencontros, ainda que rápidos, serão como cada pedaço de vida: rotineiros e belos. Brisa fugaz. Olhar certeiro.
Me admira suas imperfeições de amigo velho e desgastado. Seu sorriso aberto em cada nova curva.
Sabe, amigo, ainda sou aquele das infinitas (des)graças ilógicas, de quem o peito se rasga em amores de carta. Sou um garoto, meus pudores são falsos e se desdobram no esvoaçar das saias, provocações e suores.
O resto lhe disse.
Temo. O futuro de fogo, o diário acabado, a missa sem fim.
No peito que rasga ainda cabe a moldura de mil (des)encontros. Orgulho. Até que não caiba.
O vento te leva.
Me refugio à beira do mar, e me ponho a encher outros baldes d'água para os novos incêndios.
O vinho e as flores ficaram sobre a mesa e a saudade já desembarca no cais.