A briga contra o transitório, renegando o adeus, ferida aberta do ontem.
Memória sólida e pálida, passo que se distancia latente e líquido.
Fatia de vida roubada das horas. Em minhas mãos, já frias.
Não me canso de cansar meus olhos sozinhos sobre nossos velhos adornos.
Não me lembro mais. É distante, irreal, traiçoeiro. Não me lembro. Não fiz.
Enquanto enxergo seus olhares tristonhos de ontem, esmagados e estáticos, mirando o infinito, a mágica do tempo reconstrói suas lágrimas em gozo, em algum outro lugar do universo de nós.
Eu sei. O presente seduz pela imortalidade do que já foi, mas o coração não resiste às tantas perdas e a sonhos brandos demais.
O futuro chegou, mármore frio, mas não chegamos inteiros a ele. Pena.
O que fizemos são fotos, e o pôr-do-sol de hoje é preto-e-branco.