quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Erros

Os românticos também cometiam erros de português.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

ser ou não ser?

que tal só ser?


ser .

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Setembro,

Querida,
Pensei já não restar montes que eu não houvesse escalado ou valas por onde não me meti. Enganei-me.
Ao sentir-me de volta à sua presença febril e seu ar provocante sinto que esvai-se meu poder de esquecer-te. Cheguei hoje a remexer seus sentimentos em mim, dados por esquecidos. E como com brinquedos velhos tentei achar a cor que em outros tempos possuíam. Não sei se era com eles que brincava ou com memórias desbotadas, assim como o medo que me aflige de voltar a desejar-te. Memórias do que nunca vivemos e do que jamais viveremos.
Pergunto-me porque me deixei levar de novo pelo teu brilho. Porque consenti admitir pequenos retrocessos na minha existência tranqüila que anseia o novo.
Perco-me nas trocas de sorrisos dúbios. Nada dúbios. O espelho me desencoraja. Rasgo as cartas que nunca me enviou, e não me atrevo a subir ao topo, pois a superfície me parece agradável.
Sonho com trechos sem-nexo de uma hipótese tão minha. Ouço ao fundo um soar fúnebre de um querer que me diz o porquê de meus sonhos serem hipóteses. Encorajo-me. Mas vejo que agora você não está por perto.
Sou despertado por uma vinheta de telejornal. Piso em chão gelado. Durmo sozinho. E deixo que o mar desfaça mais uma vez os castelos de areia que construímos hoje.
Só o que eu peço é que haja areia e haja mar, e nós nos veremos no dia seguinte. É a nossa sina. Entreguemo-nos a ela.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Ausente

Levei 10 dias pra falar do meu tédio.
Mas descobri que se falo, desentedio.

Podia o tédio ser saudade.

10 dias

Esses últimos dias meus, de grandes novas, voaram como a poeira: pesada e infinda. Já havia sentido a ausência dos que amo quando a busca destes por mim teve fim. Talvez por tédio, talvez por mim. Mas jamais havia sentido tanto a falta de mim mesmo.
Voltar àquela redoma que há pouco havia deixado não foi fácil, sabia eu que muitos não estariam mais lá, teriam voado ao mundo. Muito me incomodou os rostos felizes, o barulho, a iminência de um futuro coletivo do qual eu não fazia parte.

Desses últimos dias meus, de sol forte, recebi o castigo por prever o futuro, arquitetar o tempo. Os poucos passos que dei foram para trás. Conheci a monotonia da minha própria ausência, a qual sempre desejei. Ouvi o barulho dos credores, o riso dos fortes, vi os olhos dos loucos.

Nesses últimos dias meus, tão meus que esqueço, percebi que a solidão nem sempre é algo tão bom.
E então voltei à porta, ao fim do décimo dia. Assisti ao pôr-do-sol ao receber-me de volta, melancólico e cansado, sem saber ao certo o que viria a ser do futuro nosso. Não sei ainda, mas talvez seja melhor assim.