segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Anistia

Cada palavra é uma flecha perfurando todos os peitos ousados à frente. O ano vai morrendo nessa ilustre convenção de mundo que criamos e com ele muitas de nossas histórias se afogam no mar de um passado que, de repente, se lacra com os seus na prateleira abaixo, de etiqueta perfeita, na qual hei de mergulhar por milênios e milênios a fio.

Toques de lábios e bilhetes na escola. Mãos apertadas e encontros furtivos. Pedestais e cadeiras de bar. Relaxo meus braços e me deixo ferir por mais um peso dos anos que findam e vêm se juntar a esse infinito de cores que enfraquecem. Vão engessar suas aretas e se tornar saudosos passados, atentos aos meus infinitos chamados.

É hora de arrumar o quarto.
Novas caixas fragilíssimas vêm chegando para afogar velhos ânimos e desposar minhas saudades viúvas.